Quantas vezes você prometeu a si mesmo que iria seguir uma dieta à risca, mas não levou o plano adiante? O mesmo deve ter acontecido algumas vezes quando você se mostrou determinado a economizar mais dinheiro e rever suas despesas. Nossa dificuldade em levar adiante aquilo que desejamos não é gratuita: em psicologia econômica, o conceito de “falácia do planejamento” ajuda a explicar porque isso acontece. De um modo geral, tendemos a subestimar o tempo necessário para realização de uma tarefa.
E se engana quem imagina que isso afeta somente as finanças pessoais. Artigo publicado pelaGall Up apontou que grandes projetos acabam superfaturados ou finalizados fora do prazo estimado porque as empresas tendem a focar mais em aspectos racionais e técnicos do que no comportamento dos funcionários envolvidos. Grandes estruturas, como o Eurotúnel e a Eurodisney, custaram praticamente o dobro do que o orçamento inicial, conforme apontado pela Gall Up.
Um estudo científico desenvolvido pelos pesquisadores Roger Buehler, Dale Griffin e Michael Ross apontou três fatores interessantes que interferem na forma como fazemos planejamento. O primeiro deles é que temos uma tendência a subestimar o tempo que vamos levar para realizar algo. Tendemos a ter uma visão geral do que pretendemos realizar e não mensuramos o tempo necessário para cada etapa de um projeto.
Por exemplo, dizemos a nós mesmos a cada virada de ano que vamos economizar mais dinheiro no período que está começando, mas não fazemos um plano detalhado de como vamos cumprir essa promessa. Pense a respeito disso: quantas vezes você se preparou para ir ao mar pular sete ondas no dia 31 de dezembro, mas sem um planejamento detalhado de como passaria a economizar mais?
Além disso, os pesquisadores apontaram que também tendemos a nos espelhar em um cenário imaginário, em vez de focar em experiências passadas. Isso explica, por exemplo, porque você sempre permanece otimista sobre ficar com o corpo em forma para o verão, mesmo tendo desistido várias vezes da dieta rigorosa e da rotina de exercícios para atingir a meta.
Uma outra conclusão do estudo foi a tendência que temos a menosprezar experiências passadas, especialmente as negativas. É como se fizéssemos uma edição do passado como forma de não reviver uma experiência dolorosa. Isso explica porque muita gente volta a tomar um empréstimo arriscado, mesmo depois de ter passado por uma experiência desastrosa de endividamento fora do controle. A mera convicção de que “aprendi com o que aconteceu, não vou deixar que aconteça de novo” pode ser suficiente para convencer alguém a cometer o mesmo erro.
Com base em tudo que foi dito aqui, se você não quer que a falácia do planejamento atrapalhe seus planos de organização financeira, existem algumas medidas que podem ser úteis para um planejamento mais efetivo. Se a ideia é começar a investir, por exemplo, é válido começar com montantes menores e ir aumentando os valores gradativamente. Se você percebe que está gastando demais, seja prático para estabelecer uma forma de reduzir as despesas: enumere os aspectos da rotina que mais consomem seu dinheiro e vá trabalhando, aos poucos, para reduzi-los. À medida que for conseguindo, você vai cortando outros gastos. Confie mais em objetivos palpáveis. Se você tem uma meta de fazer o dinheiro render mais, mas não sabe por onde começar, converse com especialistas de mercado e pesquise produtos financeiros.
Fonte: G1