Na quinta-feira (10), o dono da empresa de refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, foi preso pela Polícia Militar acusado de fraude fiscal estruturada, organização criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações apontam que o dinheiro desviado com a fraude é estimado em R$ 4 bilhões.
Além do dono da empresa, o ex-contador da Dolly, Rogério Raucci, e o ex-gerente financeiro da empresa, César Requena Mazzi, foram presos e levados ao distrito policial.
Escândalos desse tipo também jogam luz sobre o papel da contabilidade e dos contadores nas gestões e processos financeiros de grandes empresas.
No juramento do bacharel em Ciências Contábeis, o recém-formado promete: “cumprir e realizar o trabalho com honestidade, dedicação e fidelidade, observando os aspectos que regem a profissão, buscando sempre o desenvolvimento das empresas e jura utilizar o trabalho como ferramenta destinada à construção de uma sociedade justa e digna. “
A mesma lisura e comprometimento com a honestidade é amplamente reforçado no Código de Ética Profissional do Contador, no qual no artigo 3º fica claro que é vedado ao profissional da contabilidade auferir qualquer provento em função do exercício profissional que não decorra exclusivamente de prática lícita.
Contudo, na prática, muitas empresas acabam contando com a omissão ou até mesmo contribuição de profissionais da contabilidade, que ao invés de utilizar o conhecimento técnico da própria atribuição para fazer que os processos sejam transparentes e dentro da lei, acabam colaborando para a omissão de informações e para o descumprimento da lei.
Em tempos em que se se discute a importância da conscientização da sociedade brasileira em busca de um alinhamento ético, no universo corporativo essa preocupação torna-se, cada vez mais, premissa para o sucesso da empresa.
Neste sentido, medidas de Compliance estão tornando-se mais populares pois ajudam as empresas a enfrentar inúmeras modificações regulatórias e de negócios. O termo ganhou mais destaque após a aprovação da lei Anticorrupção (12.846/2013), que determina que as empresas tenham processos de ética bem definidos e que sejam punidas caso se envolvam em atos de corrupção contra a administração pública.
A área de Compliance dentro das empresas é responsável por organizar e oferecer diretrizes para processos e condutas transparentes.
Apesar de muito falada, na prática o Compliance ainda caminha devagar. Uma pesquisa divulgada pela KPMG, realizada com 250 empresas brasileiras no segundo semestre de 2016, mostrou que apenas 58% das organizações afirmaram possuir mecanismos de gestão de riscos de compliance, enquanto que 42% informaram desconhecê-los. Além disso, 37% dos participantes afirmaram não possuírem mecanismos de gestão de deficiências e investigação.
Fonte: Portal Contábeis