Especialistas se reuniram em Fortaleza para discutir estratégias para mitigar os efeitos do estresse térmico na saúde dos trabalhadores
O calor extremo se tornou um problema global de saúde pública e ocupacional, com graves impactos na produtividade e na qualidade de vida dos trabalhadores. Esse foi o tema central da reunião anual da Rede OSH (Occupational Safety and Health), realizada nesta segunda-feira (22) em Fortaleza, em paralelo à Reunião Técnica sobre Emprego do G20 Brasil, que inicia no dia 23 de julho, no Centro de Eventos do Ceará. O GT sobre Emprego é coordenado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e reúne as maiores economias do mundo anualmente.
Fazem parte da Rede OSH especialista em saúde e segurança do trabalho de diversos países e áreas como a acadêmica, pesquisadores, representantes dos trabalhadores, empregadores e governo. O encontro destacou os impactos do estresse térmico na força de trabalho, alertando para a necessidade de medidas urgentes para proteger os trabalhadores e mitigar os riscos à saúde.
Zhao Li, diretor adjunto do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos e co-presidente junto com representante da Turquia na Rede OHS, destacou que as altas temperaturas são um problema global que impacta a economia dos países. Ele citou dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que alertam que o mundo perderá a produtividade de 80 milhões de trabalhadores devido ao calor extremo até 2030. “É necessário proteger a nossa força de trabalho, com medidas preventivas para mitigar os problemas de saúde desses trabalhadores”, destacou Li.
O trabalhador está exposto ao calor excessivo em áreas externas e internas, no entanto, as atividades na construção civil e na agricultura são uma das mais afetadas. O auditor-fiscal do MTE Wellington Kaimoti apresentou as ações que estão sendo realizadas no Brasil para proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores. “O agronegócio concentra 27% dos trabalhadores no Brasil. Por conta do estresse térmico, em 2019, revisamos e atualizamos de forma tripartite a NR 31 que trata das atividades na agricultura”, exemplificou Kaimoti, acrescentando que as regras foram alinhadas de acordo com as normas internacionais. NRs são Normas Regulamentadoras do MTE que têm o objetivo de complementar as medidas que constam na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Em seu discurso, o professor da Universidade de George Washington, David Michael, alertou que o mundo verá ondas de calor como nunca visto antes e que isso será cada vez mais comum. De acordo com Michael, 2,4 bilhões de trabalhadores estão expostos ao estresse térmico no mundo, desses 1,6 bilhão está na agricultura e na construção civil, mas outras áreas também são afetadas, como entregadores e atividades em portos e aeroportos.
A exposição ao calor extremo pode causar insolação, doenças respiratórias, cardíacas e renais por causa da desidratação e já se estuda como pode afetar a saúde mental. “Dados da OIT mostram que 2 milhões de pessoas estão sendo afetadas pelo estresse térmico no mundo e vivendo pior”, ressaltou o professor.
Michael citou ainda dados da indústria têxtil, na Índia, onde estudos mostram que a cada 1 grau que a temperatura sobe acima dos 27 graus, a produtividade cai 4%. “Precisamos entender ainda o impacto do estresse térmico na produtividade e na saúde. Precisamos prestar atenção porque o problema tem ficado pior ano a ano”, finalizou.
Rede OSH
Estabelecida pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Rede OSH (Occupational Safety and Health) é composta por especialistas em segurança e saúde ocupacional das áreas acadêmica, pesquisadores, representantes de governos, empregadores e trabalhadores. O seu objetivo é promover a conscientização sobre questões ligadas à segurança e saúde no trabalho globalmente, auxiliando na formulação de políticas eficazes para proteger os trabalhadores em seus locais de trabalho. O Rede se reúne de forma presencial uma vez ao ano, podendo os encontros acontecerem em paralelo ao G20.
Programação do GT sobre Emprego do G20 Brasil
A quinta e última reunião do G20 Brasil do Grupo de Trabalho sobre Emprego acontece de 23 a 24 de julho, em Fortaleza, e tem a coordenação do Ministério do Trabalho e Emprego. Em paralelo às discussões, acontecem reuniões paralelas como o B20, L20, entre outros.
O GT sobre Emprego tem quatro eixos prioritários: criação de empregos de qualidade e promoção do trabalho decente para garantir a inclusão social e eliminar a pobreza; promoção de uma transição justa no processo de transformações digitais e energéticas; uso de tecnologias como caminho para a melhoria da qualidade de vida de todos e Igualdade de gênero e promoção da diversidade no mundo do trabalho.
Nos dias 25 e 26 julho acontece a reunião dos ministros do Trabalho, para fechar a declaração que reúne as diretrizes e orientações do GT. Essa declaração se somará aos documentos similares dos outros GTs na cúpula de chefes de estados, entre os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro, quando acaba a vigência da presidência do Brasil no G20.
Fazem parte do G20 as maiores economias do planeta. Além da União Europeia e da União Africana, integram fazem parte a África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, EUA, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia. Juntos, esses países representam cerca de 80% do produto mundial bruto, 75% do comércio internacional, dois terços da população global e 60% da área terrestre do mundo.
Fonte: Portal do Ministério do Trabalho e Emprego
( https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/calor-extremo-ameaca-saude-e-produtividade-de-trabalhadores-no-mundo )
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