De acordo com a investigação, Bradesco movimentou R$ 989,6 milhões, Banco do Brasil R$ 200 milhões, Itaú Unibanco R$ 94,5 milhões, Santander R$ 19,5 milhões e Caixa Econômica Federal R$ 4,1 milhões. Ao todo, os doleiros teriam movimentado cerca de R$ 1,3 bilhão
A cooptação de funcionários dos bancos e falhas em sistemas de controle de operações suspeitas teriam viabilizado a utilização do sistema financeiro nacional para transações ilegais.
Por causa dessas falhas, investigadores da Lava Jato agora apuram se os grandes bancos citados em fases da operação também são responsáveis pelos crimes cometidos.
“O que está em apuração é se o banco adotou todas as cautelas devidas para evitar que funcionários fossem cooptados e valores fossem lavados ou se ele foi omisso”, disse o procurador da República Roberson Pozzobon, integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.
Fraude Contábil
De acordo com o MPF-PR, os bancários investigados teriam ajudado doleiros a abrir contas. Além disso, teriam burlado regras de alerta sobre operações suspeitas para que os doleiros pudessem usar as contas para obter dinheiro em espécie e pagar propinas.
Na prática, segundo a Lava Jato, os doleiros recebiam depósitos de empreiteiras nessas contas. Depois, sacavam esses recursos em dinheiro para distribui-lo a corruptos sem que esses pagamentos ficassem registrados no sistema financeiro.
“Foi detectada a participação de funcionários da instituição financeira [o Banco do Brasil] na geração de dinheiro em espécie usado para o pagamento de propina”, resumiu o delegado da PF (Polícia Federal) do Paraná, Dante Lemos, que também participou da 66ª fase da Lava Jato.
Esse esquema de cooptação de funcionários de bancos e abertura de contas em nome de empresas de fachada já havia sido identificado por integrantes da força-tarefa da Lava Jato do Rio de Janeiro.
Em maio deste ano, uma fase da operação realizada na capital fluminense chegou a pedir a prisão de funcionários do Bradesco pois eles seriam colaboradores de doleiros investigados.
Segundo o MPF-RJ, esses funcionários recebiam uma espécie de mesada de cerca de R$ 2.500 para colaborar com o esquema de distribuição de propinas.
Envolvidos no caso
Envolvido na 66ª fase da Lava Jato do Paraná, o Banco do Brasil informou em nota que tem colaborado com as autoridades, “já tendo iniciado processos administrativos que podem resultar na demissão dos funcionários envolvidos”.
O Bradesco informou que “cumpre rigorosamente as normas de conduta ética e de governança vigentes” e que está à disposição das autoridades.
O Itaú afirmou que “está comprometido com as melhores práticas de prevenção à lavagem de dinheiro e adota com rigor todas as medidas necessárias buscando evitar transações ilícitas no sistema financeiro”. O banco esclareceu que as contas investigadas pela Lava Jato do Rio de Janeiro foram fechadas dois anos antes da operação e que já foram adotadas as “as providências legais”.
O Santander informou que está disposto a colaborar com a investigação. Declarou também que “adota políticas rigorosas de compliance e cumpre estritamente a legislação e as normas de prevenção à lavagem de dinheiro”.
A Caixa Econômica Federal declarou que “atua em constante colaboração com os órgãos de investigação e adota permanente monitoramento para prevenção à lavagem de dinheiro”. Segundo o banco, movimentações atípicas são comunicadas às autoridades competentes conforme manda a lei.
Fonte: Contábeis